"Instrui ao menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.". (Provérbios 22:6)"

Criança desobediente


A mais freqüente queixa dos pais sobre os filhos é, sem dúvida, quanto à desobediência:

- "Não obedecem";
- "Dá-se uma ordem, eles nem ligam";
- "Hora de dormir, ninguém os tira da televisão";
- "Marca-se horário para os estudos: não respeitam";
- "Já se falou mil vezes que não cheguem atrasados para as refeições: não há jeito";
- "Estamos cansados de dizer que não deixem os objetos fora dos lugares: eles nem escutam"; etc. etc.

Muitas reclamações, que terminam sempre em uma frase: "Essas crianças de hoje são muito diferentes das do meu tempo."

E explicam, e se lembram do passado:

- "Lá em casa, duvido que um filho levantasse a voz para o papai!"
- "Ordem dada era ordem cumprida, gostássemos ou não."
- "Quem era louco para chegar atrasado para a refeição?"
- "Bastava um olhar do papai, ia todo mundo para a cama."
- "Nós sabíamos obedecer!"

E encerram como num estribilho: "Mas essas crianças de hoje"...

De quem é a culpa

Lançando aos filhos a culpa de desobedientes, estão os pais, astuciosamente, desculpando-se. Na verdade, não há diferença tão grande entre as crianças de hoje e as de antigamente.

As crianças são as mesmas, com as eternas características da infância, os mesmos interesses profundos, a mesma receptividade educacional, as mesmas exigências de afeto, de segurança, de formação. As diferenças dos tempos, superficiais, não lhes atingem a estrutura. Nalguns pontos dificultam a obra dos educadores; mas noutros a facilitam.

Muitos pais é que mudaram. Abandonaram os cuidados da educação, abriram mão dos deveres, afrouxaram a vigilância, fugiram à formação dos filhos, demitiram-se dos mais sagrados encargos, capitularam ante as crianças, e se queixam de que estas são culpadas.

Tinham em mãos a autoridade: perderam-na. Receberam a criança ao nascer - e não crescida e deformada. Se não lhe deram a orientação devida, a criança é vítima, e não culpada!

Se os antigos se faziam obedecidos a simples olhar, é que não se contentavam em ser autoridade, mas sabiam ter autoridade: isto é, manter a superioridade, que o próprio Deus impõe ao filho de forma tão impressionante. Prova disto é que, ainda hoje, os que têm autoridade conseguem os mesmos resultados de outrora, embora por meios consentâneos com os tempos.

Mas os tempos mudaram

Não é possível proceder hoje do mesmo modo que antigamente, agir com rigores, exigir aqueles extremos. Mas também não é possível largar os filhos a si mesmos, sob pretexto de que a educação moderna exige liberdade, ou de que a mãe precisa de trabalhar fora, para... dar melhor educação (?) às crianças, ou de que os pais que trabalham precisam de repouso quando chegam à casa (e podem aborrecer-se (?) com problemas de crianças), ou simplesmente por comodismo, "vida social intensa" e outras alegações congêneres.

Há os que desejam acertar. Sabem que não se pode hoje educar como foram educados, mas sentem dificuldade em adaptar-se aos novos moldes, pois não foram preparados para isto. (Infelizmente continua o tremendo erro de não se cuidar da preparação dos futuros pais. Muitas igrejas  ensinam mil coisas às jovens, mas não lhes ensinam a ser mães, embora o desejo de casar lhes seja o mesmo de sempre.)



Porque desobedecem

Os que desejam realmente corrigir os filhos procurem descobrir as causas das desobediências. Conhecida a causa, importa removê-la: tirada a causa, cessa o efeito. Apontaremos algumas causas da desobediência infantil.

A. Da parte dos pais:

- Não têm autoridade;
- Não sabem mandar;
- São muitas ordens, algumas impossíveis;
- Não velam pela execução das ordens;
- Querem impor-se mais pela força que pelo amor;
- Não mantêm coerência, proibindo hoje o que permitiram ontem;
- Desentendem-se, um proibindo e o outro permitindo;
- Cedem, quando a criança se exaspera ou insiste;
- Mandam o contrário para conseguir o que desejam;
- São implicantes, cansando e irritando as crianças;
- Exigem uma obediência imediata;
- Querem levar a obediência em excessos, humilhando a criança;
- Não preparam os filhos para a obediência;

B. Da parte dos filhos

- Falta de compreensão, própria da idade;
- Fraqueza da vontade, que cede a interesses imediatos ou de ordem sensível;
- Hábito de fazerem o que lhes é proíbido;
- Repugnância ao que lhes é ordenado;
- A criança também se aproveita das fraquezas dos pais que:
a) cedem com facilidade,
b) não pedem contas do que mandam,
c) ameaçam, e deixa correr,
d) se desentendem entre si (o pai e a mãe se desentendem na frente das crianças); etc.

- Afirmação crescente de personalidade: passando da obediência passiva de criança à obediência ativa (consciente) de adolescente, querem saber o porquê das ordens, repelem as proibições injustas ou humilhantes;
- falta de preparação para a obediência.

O que os pais precisam para poder mandar

Não basta ser autoridade, mas importa ter autoridade, para ser obedecido.  
Acima de tudo, é preciso pôr-se em condições de mandar.

Dominar-se

Os pais hão de possuir o completo domínio de si. Quem se deixa dominar de qualquer sentimento ou paixão, perde a capacidade de comando: - isto vai de simples domínio do temor físico, passando pela timidez ou mera indecisão, até chegar ao seguro controle das mais profundas e violentas vontades.

Saber usar da autoridade

É ponto de suma importância. A improvisação é má conselheira.

Vejam-se os estágios do militar para chegar ao comando do exército...preciosa é neste aspecto, a família numerosa, na qual os irmãos mais velhos, delegados pelos pais, exercem autoridade sobre os pequeninos.

Saber obedecer

É caminho e escola do bom exercício da autoridade. Só sabe mandar quem sabe obedecer
"Quem não aprendeu a obedecer, não sabe mandar." 

Conhecer o que manda

É preciso ter experiência do trabalho pedido, do sacrifício ordenado. E lembrar-se do que lhe custou aquilo na idade que têm agora os filhos. Hoje nos é fácil (ou não é...) passar uma hora calados, ficar sentados sem mudar de posição. Hoje fazemos tranqüilamente serviços que nos despertavam repugnância aos 12 anos ou 15 anos.

Um pai não pode esquecer que já teve a idade que têm agora seu filho. E se esquecer, perdeu a capacidade de educar.

Conhecer os filhos

Só quem os conhece pode lidar com eles. Há as características gerais da infância e da juventude, com suas diferenças de idade e de sexo. Mas há também a personalidade de cada criança. 

Não existe a criança teórica, ideal, de livro; existe a real, viva, com a qual vivemos, que ouve as nossas ordens, que tem essas e aquelas reações, com tal temperamento, e que os pais devem conhecer muito bem, para se lhe poder adaptar.

Saber mandar

Para que suas ordens sejam bem acolhidas, devem ser dadas com bons modos

Finalidade da obediência

Com muita freqüência encontramos deplorável equívoco sobre o sentido da obediência. Geralmente pais e até professores (formados em pedagogia!) querem é serem obedecidosPor amor próprio, por autoritarismo, para ficar em paz, - pouco importa! - querem é ser obedecidos. Prontamente, sem explicações e sem delongas.

 A verdadeira obediência é: 
- aprendizagem do domínio de si próprio - fim da educação. É enriquecimento moral, aproveitamento da experiência dos pais para facilitar aos filhos o caminho de Deus, sabedoria de quem aproveita um guia para evitar as erradas, cuidado do comandante que entrega o navio ao prático dos mares perigosos. Por isso diz a Bíblia que serão vitoriosos os que sabem obedecer: 
"O homem obediente cantará vitória" (Pv. 21,28).

- É liberação: o homem se liberta das amarras do amor próprio e do orgulho, para reconhecer e acatar a autoridade. Não cede por medo ou interesse, mas age conscientemente, superando-se, não é mais  dono de sua vontade e abre mão dela quando necessário.

- Ela não é virtude de criança, mas de homens feitos. Às crianças importa ensiná-las, orientando-as cuidadosamente para seu fim.

Algumas normas

Obediência é meio e não fim

Não exijo obediência, para que a criança seja obediente, mas para que se eduque. Adiante mostrarei que o fato de ser apenas obediente constitui grave perigo para os pais.



O papel dos pais é orientar, ensinar no caminho, ajudar a marchar, retificar em caso de errada, estimular para o autodomínio, "como a águia que provoca seus filhos a voar, esvoaçando sobre eles" (Dt 32,11). 

Levar a criança a submeter-se, e não submetê-la

Quando me submeto, pratico ato livre, consciente; quando sou submetido, não: fui subjugado. No primeiro caso, obedeci; no segundo, fui domado.

Obedecer é querer o que outrem quer, e não fazer o que outrem manda. A obediência é ato da vontade que sabe vencer as dificuldades para querer. Por isso, a verdadeira obediência é filha da liberdade. 

Como se vê,  obediência implica o autodomínio. Está muito longe de ser o domínio que os pais exercem sobre os filhos. Mas este conceito, policial e totalitário, ainda é muito corrente, e continua fazendo a infelicidade dos filhos.

Nunca devemos perder de vista que o exercício da autoridade visa aos súditos não aos superiores, porque busca o bem moral daqueles, e não a satisfação destes.

Os pais não devem impor a sua vontade, mas sim a vontade de Deus.

Nossos filhos são diferentes uns dos outros, com vontades diferentes, com gostos diversos ou até contrários. Não devemos proibir-lhe algo "porque não gosto disso", mas porque isso não deve ser feito, pois Deus não se agrada. Devemos substituir as vontades próprias de nossos filhos, pela vontade de Deus.
Pensássemos melhor nesta verdade (aliás tão solar), e seríamos mais positivos que negativos em educação, ensinaríamos mais o que se há de fazer, do que o que se há de evitar, daríamos antes normas de vida, do que proibições.

A criança exige mais desenvolvimento que restrições

A criança é um ser em crescimento. "A educação é ajuda positiva à expansão normal da vida". Não é proibindo a criança de agir que a desenvolveremos; mas ensinando-lhe a fazer o certo, diante da palavra de Deus, pois Deus só quer que façamos coisas boas.


Qualidades da obediência

Consideremos agora as qualidades da obediência ideal. Ela será:

a) racional: não cega, mecânica, servil, mas entendida nas suas ordens e nos seus motivos, a fim de que sua execução seja um ato humano, e não atitude de animal amestrado;

b) alegre: racional, digna, confiante, a obediência será alegre, sem constrangimento maiores, sem murmurações e revoltas, sem medos nem desgostos, mas fácil e até espontaneamente pronta.

c) sobrenatural: nós, que cremos em Deus e para Ele encaminhamos a vida e a educação de nossos filhos, tudo devemos fazer em vista da eternidade, ainda que sejam as ações mais quotidianas.
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus".
(I Cor. 10,31). 


Nós, que sabemos que "todo poder vem de Deus" e que "resistir à autoridade é resistir a Deus" 
"Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.
Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação". (Rm 13,1-2).


Devemos obedecer com essa visão sobrenatural: ela ultrapassa os homens e nos prende a Deus, garantindo-nos que teremos sempre a recompensa de nossa submissão, desde que as ordens recebidas não contrariem diretamente aos Mandamentos divinos ou aos ditames de nossa consciência, e isso deverá ser passado aos nossos filhos.

Preparar a obediência

Embora estejam os filhos obrigados à obediência, não os podemos exigir do mesmo modo a todos. Impõe-se a discriminação, devida à idade e às circunstâncias individuais. A idade é que primeiro se apresenta.

- Na primeira fase será apenas a instrução. Incapaz de compreender, a criancinha aprende a fazer o que a mamãe manda, e a não fazer o que ela proíbe. Vai-se habituando a atender à mamãe, que lhe falará sempre com carinho, às vezes com firmeza, até estabelecer os hábitos.

Com 18 a 20 meses, já "compreende" algumas razões, que lhe são dadas: "está molhado", "é sujo", "é do irmãozinho", etc. Antes dos 2 anos, se ela for encaminhada assim, basta-lhe um olhar ou um gesto para retirar a mãozinha.

Esta é, irremediavelmente, a fase da obediência cega, em que o único verdadeiro motivo é a vontade dos pais. Embora à maioria dos pais não dão importância a esta fase, dizem os modernos psicólogos a idade decisiva na vida do homem - como o alicerce para a casa. E cometem falta, às vezes irreparável, os que a desperdiçam, deixando para mais tarde o que então deve ser feito. Depois será preciso desfazer maus  hábitos, para iniciar os bons - o que representa multiplicado trabalho e precários resultados.

- Na segunda fase começamos a dar as razões de modo mais explícito, porque cresceu a capacidade de compreensão. E os pais que se prezam querem estabelecer a obediência consciente. "Falem mais baixo, porque a mamãe está repousando". "Vão brincar lá fora, porque a vovó está doente". "Desliguem o rádio que está perturbando o estudo do papai."

Não podemos dizer ao certo quando começará esta segunda fase. A criancinha passará logo para a idade do não, que repelirá sistematicamente o que lhe mandarmos ou pedirmos. Mas, em seguida, apelaremos  para a compreensão da criança: "Você não compreende que não pode brincar na chuva?"

O fato de compreender não significa que se renda. Compreende, mas quer ir assim mesmo. Ou tem dificuldades especiais para compreender: "Como é que Pedrinho está brincando?" Ou: "Como é que os homens trabalham na chuva, e não adoecem?"

Esta frase exige bastante paciência aos pais, para que eles:

- não descambe para o autoritarismo ("É; mas você não vai porque eu não quero"),
- não caia na discussão de igual para igual,
- ou seja derrotado, "por pontos" ("Pois, então, vá; e me deixe em paz").


- Na terceira fase, se os passos anteriores foram seguros, o pré-adolescente e o adolescente atenderão às indicações dos pais, e o trabalho de persuasão, próprio da etapa anterior se reduzirá aos casos específicos da idade. É verdade que os surtos de independência são mais fortes, mas os pais compreensivos proporcionarão as ordens e restrições ao desenvolvimento do comportamento moral e social dos jovens.


A criança que tiver sido bem trabalhada na primeira fase estará excelentemente preparada para obedecer nas demais.

Facilitar a obediência

Os pais gostam de ser obedecidos, mas os filhos não gostam muito de obedecer. Para deles conseguirem mais fácil virtude, cuidem os pais de melhorar os métodos de comando. O exercício da autoridade é uma ciência e uma arte; tem seus princípios e sua técnica. Os que as conhecem facilitarão as próprias tarefas e as dos súditos. Quem sabe mandar é mais facilmente obedecido.

Vejamos, então, algumas normas de comando pedagógico.

1ª norma: Mantenha a autoridade

Para isto:

a) Acredite-se junto às crianças:
- fale com a superioridade de pais sobre filhos, na convicção de que não está apenas exercendo um direito, porém cumprindo um dever;

b) Dê ordens:
- Não peça favores, pois a sua autoridade vem de Deus;
- Os próprios súditos gostam de ser comandados com autoridade: os judeus admiravam em Jesus que Ele falava "como quem tem autoridade, e não como os seus escribas e fariseus" (Mt 7,29);
- Não discuta com os filhos: isto aniquila a capacidade de mando;

c) Fale com firmeza:
- A timidez de quem manda sugere a possibilidade da desobediência;
- Vendo-se temida, a criança se reputa superior, e não atende;
- Uma autoridade fraca não recebe acolhida nem confiança dos súditos;
- Não recue facilmente da ordem dada (a menos que tenha visto seu erro), nem ceda a pedidos, carinhos ou lágrimas (aliás, quando as crianças sabem que é inútil insistir, não insistem);

d) Assegure a autoridade alheia:
- Nada é mais prejudicial à autoridade do que a falta de união entre os pais - um proíbe, outro permite; um ordena, outro dispensa; um corrige, outro relaxa; ou se desentendem sobre o regime de educação, à vista das crianças.

2ª norma: Seja prudente em mandar

Do contrário, a autoridade se compromete, os recuos se impõem, e as crianças encontrarão pretextos para desobedecer. Tome, pois, cuidado:

a) Pense nas suas ordens:
- Nada de precipitação, que obrigue depois a recuar ou (pior ainda) a fazer vista grossa;
- Não ordene o impossível ou sumamente difícil;
- Não proíba o que as crianças nem sonhavam fazer (Pode ser isso uma sugestão à obediência. Ex: Tendo ganhado um instrumentinho de carpinteiro, o menino - 7 a 8 anos- fizera uma devastação em casa. Indo sair, a mãe, imprudentemente, lhe recomenda que, em sua ausência, poupe ao menos a mobília da sala.)

b) Seja oportuna:
- Escolha o momento mais propício à obediência;
- Respeite a idade, o temperamento, a curiosidade, o interesse momentâneo da criança.

c) Não ponha tudo no mesmo plano:
- Nas recomendações às crianças, há ordens que a autoridade impõe, há conselhos que a experiência dá, e há pedidos que a amizade ou a boa vizinhança fazem: não podem ser postos no mesmo nível, pois a ordem é para ser cumprida, enquanto o pedido e o conselho ficam à generosa receptividade da criança...

- Não ponha também no mesmo plano o que é contra a moral, o que é contra as boas maneiras, e o que não lhe agrada. (há pais que deixam passar princípios e atos contra a moral, que toleram e até autorizam graves pecados contra Deus e a justiça, mas não suportam pequenas faltas que lhes desagradam...)

3ª norma: Fale pouco

a) Mande pouco:
- Mande apenas o necessário, e não mais, para não estafar as crianças, não desanimá-las, não irritá-las nem ensinar-lhes a insubmissão;


- Não faça muitas proibições, mas se restrinja ao indispensável, para não limitar demais a criança, que antes precisa aprender o que deve fazer e não o que lhe é proibido. 
Ex: É comum ouvir-se a mãe "educando" o filho: "Anda direito menino". - "Levanta essa cabeça". - "Conserta a camisa". - "Olha pra frente". - "Puxa essa calça pra cima". - "Não arraste a cadeira assim". E dez mil outras recomendações diárias.

b) Seja breve e claro:
- Uma ordem longa ou confusa será, na certa, esquecida, confundida ou deixada; 
Ex: A mãe pergunta: "Quem de vocês quer deixar o jogo um instante, levantar-se da cadeira e ir fechar aquela porta da saleta, que está batendo com essa ventania?" A turma continuou firme no jogo. A ordem devia ter sido dada assim: - Pedro, vá fechar a porta da saleta.

- Palavras rápidas e seguras, suficientes para dizermos o que é necessário, sem mais nem menos.
- Fale de modo preciso e concreto, pois as recomendações vagas são quase sempre perdidas.
- Quando for necessário, porque a criança está um pouco longe, chame-a pelo nome, e só lhe dê a ordem quando se tiver assegurado da sua atenção.

c) Fale pelo gesto e pelo olhar:
- Certos deveres de rotina demandam apenas um lembrete - um pequeno gesto, um olhar, um movimento de cabeça, um mexer de supercílios - e as crianças compreendem que é hora de ir para o estudo ou para o leito, que devem moderar a voz, mudar de posição, etc.

4ª norma: Mande com bons modos

a) Fale sempre delicadamente:
- Se obedece mais ao modo e à pessoa, do que às ordens;
- A delicadeza vai muito bem com a firmeza e com a prudência;
- O sentimento da nossa carne repele a grosseria, que fica mal em todos e especialmente num pai, e não tem cabimento entre pais e filhos;

- Não pense que a delicadeza lhe diminuirá a força moral; antes a aumentará: as crianças não a confundem com fraqueza, e o agrado que ela desperta inclina à obediência e acredita a autoridade;
- Quando os pais costumam fazer-sem obedecidos, a fórmula pode ser de súplica, e as crianças a entenderão devidamente: "Querem fazer o favor de falar mais baixo?""Querem ter a bondade de recolher-se?"...

b) Evite humilhações:
- Elas irritam as crianças, e ante predispõem à revolta que à obediência;
- Não faça comparações deprimentes ("Não faça essas caretas: fica parecendo um macaco");
- Não diminua a criança  na presença de adultos;
- As humilhações irritam as crianças, e antes predispõem à irmãos (ficarão zombando dela), nem em face de si mesma (pode levá-la à revolta ou à inferioridade);
- Não tripudie sobre a rendição do desobediente ("Conheceu, bichinho?" - "Eu sabia que você tinha de se render!"...);

c) Procure captar a confiança:
- A confiança verdadeira facilita os caminhos da obediência;
- Abra sempre um crédito de confiança à criança, qualquer que seja a situação;
- Mesmo que a prudência aconselhe uma vigilância mais estreita, retire-lhe sempre o aspecto de espionagem;
- Não insinue a mínima possibilidade de desobediência, mesmo em se tratando de reincidente que certamente cairá de novo.

d) Ajude a obedecer:
- Estimule a criança ao cumprimento da ordem recebida;
- Quando o trabalho for mais difícil ou inspirar especial repugnância à criança, comece-o com ela;
- Não compre obediência com promessa (a não ser em casos raríssimos, para salvar situações extremas, em que o filho só a isso se mostrasse sensível) : esse comércio ilícito mais parece suborno;

- Não faça ameaças: são perigosas à educação; feitas em geral apaixonadamente, podem deixar-nos no desagradável dilema de cumpri-las (fazendo injustiça à criança, por seu demasiado rigor) ou não cumpri-las (e desmoralizar-nos), e levam também a educação para um terreno que não é desejável;
- Recompense a obediência, quando ela demostrou maior esforço ou maior perfeição: os estímulos dão alavancas que removem os obstáculos mais pesados.

5º norma: Vele pela execução de suas ordens.

a) Mantenha a continuidade:
- Nada mais proveitoso à educação do que um rumo certo e a firme determinação de segui-lo: a coerência dá unidade ao trabalho educativo, emprestando-lhe maior vigor e eficiência;
- Baseie a educação em princípios, repita-se com freqüência na presença dos filhos (melhor do que a eles diretamente);
- Evite dar ordens e contra-ordens nascidas do capricho ou do humor (da "lua", da veneta, ou dos "azeites", como dizem as crianças, que nos conhecem melhor do que imaginamos);
- E não recue das ordens dadas, a menos que tenha verificado sua improcedência ou erro da sua parte

b) Não desanime:
- Educação é trabalho de paciência, não se realiza a jato, mas a passo e passo, com avanços e contra-marchas;
- Os filhos não podem desanimar, muito menos ainda os pais;
- Reanime a criança que cair, e não deixe de aquecê-la à chama das próprias vitórias, por mais pequeninas que sejam;
- Não há crianças normais incorrigíveis, e as anormais têm direito a todos os nossos esforços e cuidados;
- Quanto mais difícil a criança ou o caso, mais necessárias a paciência e a persistência.

c) Peça contas das ordens dadas:
- Esquecê-las é votá-las ao fracasso, pois as crianças sabem que não serão perguntadas a respeito;
- Entre a espionagem e o descaso está a vigilância, de que quase todos os homens precisam, e as crianças de modo especial, porque são caracteres em formação;
- O cumprimento das ordens pode ser verificado diretamente pelos pais, pois é direito e até dever seu, mas convém pedir contas aos próprios filhos, a fim de despertar-lhes o espirito e mantê-los em dignidade.

d) Exija até o fim:
- Não concorde com a desobediência, uma só vez que seja, para não insinuar fraqueza, de que se aproveitarão as crianças;
- Não aceite meia tarefa, quando a pediu inteira, pois já esta meia desobediência é caminho para a desobediência total;
- Se o trabalho era condicionado a algum ato, considere desobediência o descumprimento do prazo;
- Se o trabalho era condicionado a algum ato, este não se realizará sem aquele: "Faça este serviço antes do almoço" - e a criança só almoçará quando o tiver feito!

6º norma: Apóie-se em Deus

Aqui está uma norma preciosa, que, infelizmente, muitos pais se esquecem. Nenhum daqueles que crêem realmente em Deus ... podem menosprezar tão poderosa alavanca de toda a educação, e particularmente da difícil virtude da obediência.  "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Sl 126,1).

Apoiar a obediência em Deus é encaminhar a criança para:

Obedecer a Deus:
- Aqueles que exercem autoridade fazem-no em nome de Deus, de quem procede todo poder de homem sobre homem: a cada um deles aplicaremos com verdade a palavra de Cristo, o Filho de Deus a Pilatos: "Não terias poder sobre Mim, se não te fosse dado do alto" (Jo 19,11);
- "autoridade" vem de "autor": se os pais são os autores de seus filhos, Deus é o Autor de todos os homens e de todas a coisas - foi Ele que deu aos pais o poder de gerar e o dever de educar os filhos;
- Os que mandam, não só o fazem em nome de Deus, mas devem também fazê-lo para glória de Deus;
- E os que obedecem, mais obedecem a Deus do que aos homens, e mais devem submeter-se por motivos espirituais, que por motivos humanos.


Conclusão: "Ensina o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele. (Provérbios 22:6)

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